domingo, 8 de novembro de 2015

Meu Primeiro Set de Gravação

No curso de figurino que fiz no Polo Criativo que comentei aqui, eu conheci uma menina que trabalha com direção de arte e estava ali para aprender mais sobre figurino. Na última aula ela perguntou se alguém tinha interesse de participar da gravação de um curta metragem como assistente dela. Sem sequer respirar, topei.
O que eu entendo de direção de arte? Nada.
Já estive numa gravação antes? Não.
O que eu exatamente faria lá? No idea.
Como ela sabia que eu era zero experiente, confiei no seu bom senso de que conseguiria ajuda-la no que fosse preciso. Ela me passou o roteiro antes. Li e no último sábado, lá fui eu prum apartamento na Tijuca sem conhecer ninguém e nem saber exatamente o que iria acontecer.
Quando cheguei eles já estavam com a mão na massa, digamos assim. Participavam da gravação do curta o alunos de cinema da Puc (um projeto da facu). Não contei direito, mas deviam ter de 15 a 20 pessoas, contando com iluminação, som, direção,  produção, fotografia, maquiagem, figurino, uma atriz e nós, da arte.
Todo mundo me tratou super bem. Apesar de bem comprometidos com o trabalho, o set fluiu de forma bastante descontraida. Todo mundo muito entrosado, empolgado de estar ali fazendo cinema. Não sei se é sempre assim ou foi puro golpe de sorte.
Mas, olha. Eu não tinha ideia da trabalheira que é. Uma cena de 30 segundos pode demorar muito pra sair, as vezes até 1 hora. O preparo da iluminação é uma questão bastante delicada. Um trabalho minunciosíssimo e demorado.
Todos acompanhávamos a filmagem em tempo real através do note.

E quanto a minha função? Pois é. Senta que lá vem história.
A Fernanda ( a que me indicou) ja havia decorado todo apartamento porque as gravações ja haviam começado um dia antes. Todas as cenas deste dia foram gravadas na cozinha, área e quarto de empregada.
Como as cenas não são gravadas de forma sequencial, então entre uma cena e outra, tinhamos que mudar o cenario e figurino. Até aí, tudo bem. A dificuldade é lembrar que na cena que antecede a que vai ser gravada, quais roupas estavam no varal, quais eram as posições dos copos na pia. Quantas garrafas tinham na mesa. Onde estava o pano de prato. Aff... Essa questão da continuidade é beeeeem chata. É preciso ter memoria visual e  muita atenção, porque pra errar é fácil, fácil. E na hora de montar e colocar numa tela de cinema o erro pula até em 3D. kkkkk
Descobri que eu não nasci pra isso. Sempre fui muito distraida.
Por outro lado, decorar as cenas foi muito legal. Tinha uma cena que a empregada prepara um lombinho. E lá fomos nós botarmos o lombinho cru num pirex, bezuntar no molho e fatiar umas cebolas edepois deixar na pia para decorar o cenário. Tivemos que estender roupa na corda, guardar vassoura, etc... Arrumamos também uma mesa de fim de jantar com sobras de comida e guardanapos amassados. A Fernanda teve que "sujar" a saia da empregada com óleo mineral e pó compacto para parecer gasta e usada. Tudo da direção de arte serve para dar veracidade. Achei incrível. Um trabalho muito bacana.
A tal mesa de fim de jantar.

Fico imaginando o trabalho de direção de arte de cenários incríveis como a cozinha da Dona Benta do Sítio do Picapau Amarelo com todas aquelas guloseimas, ou uma cena de jantar com muitos atores em cena. E o figurino de sobreviventes de acidentes ou incêndios com suas roupas minuciosamente detonadas? Deve ser muuuuito trabalhoso, mas igualmente incrivel de se fazer.
Esse mundo de faz-de-conta é realmente apaixonante. E é muito legal ver uma galera novinha super envolvida e dedicada, querendo criar, fazer algo novo. Era totalmente perceptível que todos ali (sem exceção) tinham um brilho nos olhos. Todo mundo trabalhando junto como se fosse uma corrente onde cada elo tinha uma importancia fundamental. E, de repente, me vi ali, contribuindo para fazer o filme acontecer também. Eu fui um elo dessa corrente também. :-)

Beijo

Eliana

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